sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Deolinda "Que parva que sou"



Parabéns aos "Deolinda", nesta canção traduzem bem a situação actual dos jovens deste País.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Horta biológica

Os antigos orientavam-se pelas luas para fazer as suas plantações nas hortas de sobre vivência. Penso que hoje,  alguns agricultores mais idosos ainda respeitaram essas crenças, mas cada vez menos. No entanto, como ainda em agricultura biológica se pode seguir esses conceitos deixo aqui algumas dicas:

Garantem alguns que os melhores resultados obtêm-se desde que se proceda da forma que a seguir se indica:

Quarto crescente
A seiva sobe à parte aérea das plantas; portanto, esse será o momento de realizar a sementeira das plantas hortícolas de que se consome a parte situada acima do solo, tal como couve, tomate, feijão, ervilha, etc.
Segundo parece, o período mais favorável situa-se dois dias antes da lua cheia.

Quarto minguante
Semeiam-se as hortaliças, de que se consome a parte subterrânea, isto é as raízes: (cenoura, nabo, beterraba). O momento mais favorável para a operação situa-se dois dias após a lua cheia.
Mas também se semeiam na fase de quarto decrescente as hortaliças de desenvolvimento aéreo de que se pretende evitar o espigamento durante o verão. É sobretudo o caso do espinafre, alface cerefólio, aipo precoce, etc.

Para respeitar estas orientações para fazer as sua plantações, deverá fazer a sua planificação, consultando para isso o calendário para saber extamente as datas das fases da lua referidas.

Bom trabalho e boas culturas


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Rui Veloso - Loucos de Lisboa



Esta canção caracteriza muito bem a loucura da vida nas cidades.

Agricultura Biológica

Tenho um pequeno quintal. Nele, tento fazer uma pequena horta. Para isso, já que sou de Lisboa e  filha de Lisboetas o que quer exactamente dizer que "não percebo nada de horta", resolvi procurar alguma informação, comprando alguns livros que abordassem o tema, e também fazendo alguma formação no jardim botânico da ajuda sobre esta matéria.O resultado está à vista, podem consultar a página do meu blog "A minha horta".

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

António Gedeão Poema Para Galileo



Gosto muito de ouvir o Mário Viegas a dizer este poema. Que saudades.

António Gedeão Poema para Galileu

Poema para Galileo


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… Eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar – que disparate, Galileo!
– e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação –
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.


Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.


Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.


Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas – parece-me que estou a vê-las –,

nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e escrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo,
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.

António Gedeão, in 'Linhas de Força'